quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Viagem de ida

Saí de casa por volta das oito horas da noite, do domingo, dia 16 de setembro, não queria correr o risco de perder o embarque marcado para  às 23 horas, caminhei com a Marluce até o ponto de ônibus, aqui em Belford Roxo o povo só tem direito de andar se for pro trabalho, então aos fins de semana a espera por uma condução para o Centro da Cidade do Rio de Janeiro costuma ser longa e tediosa, e os veículos que circulam são paradores, afinal, pra que pressa se não se está indo trabalhar ?
Mas as coisas começaram a ficar curiosas, em dois minutos no ponto veio um ônibus, vazio e de itinerário rápido! Pensei: bem pra isso também estou fazendo essa viagem, pra me ver livre das mesmices. Sentei-me lá no fundo do ônibus, no penúltimo banco, dois pontos depois embarcou um cidadão, um homem de uns 35 anos, ele se demorou mais que o normal para pagar e passar pela roleta, no atual estado de coisas estou sempre alerta para esses detalhes, o homem falou longamente com o motorista, percebi que segurava um pano junto à boca, parecia uma fralda, ele ficou um tanto indeciso onde se sentaria após passar a catraca, sentou em um lugar no meio do coletivo, reavaliou, levantou-se e foi pra outra poltrona bem lá na frente. Olhei pela janela, não reconheci o lugar onde nasci e fui criado, fiz um esforço consciente pra me encontrar, a mesma sensação que se tem ao acordar na condução perto de casa, sabemos que conhecemos o lugar mas não o reconhecemos, busquei um ponto de referência qualquer olhando a o redor, eis que passa o cidadão, com a fralda na boca, e deita-se no último banco, praticamente ao meu lado, sua dor e agonia eram patentes, perguntei-lhe se gostaria de um analgésico, ele aceitou, tomou o medicamente e dormiu naquele banco, sim, estava finalmente no caminho, entendi que esse deveria ser um caminho dedicado ao serviço altruístico, agradeci ao Eterno pela oportunidade de ver tais coisas.

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